Perda da hegemonia da imprensa: a disputa pela visibilidade na eleição de 2018

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Lumina

Resumo O poder de negociar e distribuir atenção é um recurso essencial para os meios de comunicação. Durante períodos eleitorais, a exposição midiática tradicionalmente era construída por duas lógicas institucionalizadas: a do jornalismo e da política. Na internet, todavia, outros atores ocupam a cena para criar e circular conteúdos. A disputa pela visibilidade em mídias sociais envolve fontes jornalísticas, políticos, partidos, movimentos sociais, além de veículos jornalísticos nativos digitais, blogueiros e atores emergentes que desafiam as classificações. O objetivo desse artigo é comparar os compartilhamentos obtidos por veículos da imprensa com páginas de esquerda e de direita no Facebook. Esta pesquisa investiga 82.915 publicações realizadas por 30 fan-pages no Facebook durante a eleição de 2018 para compreender o rearranjo do estatuto da visibilidade no sistema midiático híbrido. Resultados indicam que veículos da imprensa jornalística tradicional convertem boa parte de sua audiência para o Facebook e possuem a maior média de seguidores entre as categorias estudadas. A média de compartilhamento, no entanto, é consideravelmente menor, sugerindo uma ameaça à sua hegemonia da concentração da atenção do público. Ao final do artigo, discutimos as implicações dos achados para a comunicação político-eleitoral, indicamos limitações e apontamos possíveis caminhos para outras pesquisas.

Marcelo Alves
Marcelo Alves
Doutor em Comunicação e Professor do MBA de Big Data e Inteligência de Mercado

Comunicador e programador. Entusiasta de histórias contadas a partir de dados. Sou doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF).